Em 2019, o estado do Amapá registrou o maior número de mortes por policiais do país. De acordo com os dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), foram 128 pessoas mortas por agentes da polícia (66 a mais do que no ano anterior), com taxa de 15,1 mortes para cada 100 mil habitantes, superando o estado do Rio de Janeiro e equivalente a cinco vezes maior que a taxa nacional de 2,9 mortos.
Para a advogada presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB/AP, Maria Carolina Monteiro, é preciso identificar os sujeitos que são alvo das investidas policiais. Eles são jovens negros e da periferia.
Apesar da queda de mortes violenta no país ter sido um recorde batido o recorde (19% a menos que 2018), o Brasil teve um aumento no número de vítimas em confronto com a polícia. Em um ano, foram 5.804 pessoas assassinadas, taxa 1,5% maior que 2018, informa o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2019.
O Governo do Estado do Amapá por outro lado, comemorou uma redução de 25% nos crimes violentos; para os homicídios foram cerca 23,91% em relação ao ano de 2018. Houve ainda um investimento em segurança pública de R$ 136 milhões no estado.
Para a Juliana Rodrigues, defensora pública do núcleo de execução penal, integrante do Conselho Penitenciário do Amapá e coordenadora do grupo de trabalho de direitos humanos da Defensoria Pública Estadual, essa comemoração é precipitada e revela um problema de política pública.
“Como são construídos esses dados? As mortes em confronto apontadas no índice estadual parecem separadas aos índices nacionais de violência do estado. Será que essa taxa está inserida nos valores que eles dizem ter reduzido? Isso indica muita coisa, porque se não registrada, fica a ideia que a violência que os agentes do estado cometem não é criminosa”, aponta a defensora.