O filme discute resistência e representatividade feminina negra na política;
Brasil lidera o ranking de país com menor taxa de representação feminina na política, apenas 10% das cadeiras são ocupadas por mulheres;
Dirigido por Éthel Oliveira e Júlia Mariano, o filme “Sementes: Mulheres Pretas no Poder”, que estreou no último dia 7 de setembro de 2020, é um documentário sobre a insurgência de mulheres negras na política.
O filme acompanha a trajetória de Jaqueline de Jesus, Mônica Francisco, Renata Souza, Rose Cipriano e Talita Peroni, seis mulheres negras inseridas no processo eleitoral do ano de 2018.
Rodado no Rio de Janeiro, o filme caminha sobre os processos de construção da identidade política dessas mulheres e como elas enfrentaram diversas dificuldades para ocupar o poder público.
‘Sementes’ marca o maior um movimento político liderado por mulheres negras que o Brasil já teve, resultando em candidaturas em todos os estados brasileiros nas eleições daquele ano.
O documentário mostra como mulheres negras utilizaram de ações políticas como ferramenta de resposta ao assassinato da vereadora carioca Marielle Franco. Em um país que se desdobra em cima do genocídio do povo negro, “Sementes: Mulheres Pretas no Poder” vem não só como um símbolo de resistência, mas como um ato de ascensão política de mulheres pretas.
O documentário reforça um compromisso no enfrentamento ao racismo, principalmente dentro de estruturas políticas e dos espaços de poder.
Para ampliar o acesso de negras e negros na política, iniciativas como a Enegrecer a Política, formada por organizações da sociedade civil brasileira, procuram subsidiar e fomentar candidaturas negras pelo país.
Brasil é um dos países com menos parlamentares mulheres
O documentário Sementes contribui para chamar a atenção sobre a ausência de mulheres negras em estruturas partidárias, assim como no Legislativo, Judiciário e Executivo.
Atualmente, o Brasil lidera o ranking da América do Sul com a taxa mais baixa de representação feminina no parlamento. Menos de 10% de cadeiras existentes na Câmara dos Deputados são ocupadas por mulheres.
O documentário Sementes revela a construção do legado deixado por Marielle Franco, que inspira candidaturas de mulheres por todo País.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o número de mulheres eleitas em 2018 cresceu 52,6% em relação ao ano de 2014.
Na Câmara dos Deputados 77 mulheres foram eleitas parlamentares. Nas assembleias legislativas, 161 novas representantes ocupam agora o espaço de deputada estadual.
No Senado Federal, as mulheres representam 13% dos parlamentares.
Representatividade política negra
De acordo com dados do TSE¸ para as eleições municipais deste ano foram computados mais de 526 mil registros de candidaturas até agora. O número é um recorde em participação feminina e em maioria negra.
Em 2020, começou a valer as cotas raciais eleitorais decididas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), garantindo o mesmo investimento e tempo de campanha para candidatos negros.
De acordo com estudo “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça”, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 9,7% das candidaturas de pessoas brancas a deputado federal tiveram receita superior a R$ 1 milhão de reais, ao passo que entre negros apenas 2,7% chegou perto desse valor.
Como assistir:
“Sementes: Mulheres Pretas no Poder”, está disponível gratuitamente para ser assistido no site da distribuidora Emabúba Filmes (www.embaubafilmes.com.br) ou no canal do YouTube (youtube.com/embaubafilmes).