Reprodução: Lute Sem Fronteiras

A iniciativa é da organização Lute Sem Fronteiras (LSF), que há 10 anos atua nas ilhas do arquipélago do Marajó

Reportagem: Vinicius Trindade

O Observatório do Marajó surge nos primeiros meses de 2020, por iniciativa da organização sem fins lucrativos, Lute Sem Fronteiras (LSF), que há dez anos atua na região. 

O fundador da organização, Luti Guedes, afirma que a experiência de  uma década de atuação mostrou a necessidade de incidir nas políticas públicas.

“ Se a gente queria produzir impacto em larga escala, a gente precisava trabalhar com as lideranças locais… ainda na mesma lógica que são os moradores das comunidades tradicionais, as pessoas que detém o conhecimento mais valioso para melhorar a vida delas, mas que essas pessoas precisam acessar os espaços de construção de políticas públicas, de avaliação de políticas públicas e definição do orçamento público.”

A partir desta reflexão surge o Observatório do Marajó, dando ferramentas e dados para as lideranças locais atuarem nos espaços de poder, fazendo avançar a agenda de desenvolvimento do arquipélago. 

Ele conta em detalhes em seu artigo “Da Lute Sem Fronteiras ao Observatório do Marajó: por que um observatório e por que agora?” como ocorreu o processo de criação do Observatório do Marajó.

Lute Sem Fronteiras

A  organização sem fins lucrativos Lute Sem Fronteiras (LSF) promove ações que surgem a partir dos conhecimentos e das necessidades da população local, composta por povos tradicionais, quilombolas e ribeirinhos, que por anos foram invisibilizados pelo estado e ainda hoje sofrem ataques de setores extrativistas. 

Uma cartilha de direitos humanos, registro formal de terras pertencentes às famílias locais, criação de um rede de bibliotecas e cursos de formação são alguns exemplos da atuação da LFS, que possui três frentes estratégicas, sendo saúde, alimentação e moradia; educação e cidadania e empreendedorismo local.

O fundador da LFS, Luti Guedes, avalia que nesses 10 anos de atuação, houveram impactos diretos na vida da população marajoara, ressaltando a importância da escola comunitária São Miguel, construída pela organização junto à comunidade.

Realidade do Marajó 

A região do Marajó é formada por 16 municípios do estado do Pará e  tem uma população de 564 mil habitantes, segundo dados do IBGE de 2019. Por ser uma região formada por cerca de 2.500 ilhas, é considerado o maior arquipélago fluviomarinho do mundo.

Por também ser área de proteção ambiental, a APA do Marajó deve ser protegida pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará, pois  apesar de ser considerada uma APA pela Constituição do Pará em seu Art. 13, § 2º de 1989, 31 anos após sua criação, ainda não existe um conselho gestor, como acontece com APAs. 

Devido essa situação, o Governo do Estado do Pará tendo a tutela junto ao seu instituto e conjunto de leis ambientais, deveria garantir a preservação da diversidade biológica, desenvolvimento sustentável além proibir processos de intervenção artificial danosos ao ecossistema da região.

Mas a realidade das ilhas é bem diferente, apesar da riqueza em recursos biológicos e hídricos, a região enfrenta problemas de saneamento básico, apresenta  um dos menores índices de desenvolvimento humano (IDH) do país, além de baixos indicadores educacionais e altos índices de pobreza. 

Observatório do Marajó

O Observatório do Marajó tem como principal função fortalecer o espaço cívico da região, realizando análise de dados e indicadores socioeconômicos da região. 

A proposta é produzir tecnologias sociais junto às lideranças locais, principalmente mulheres, ribeirinhas e quilombolas.

As tecnologias serão focadas em três temas gerais: 

  • Progresso Social e Vulnerabilidade
  • Crise Ambiental e Emergência Climática
  • Participação Cidadã e Representação Política

Em meio a pandemia de Covid-19, o Observatório do Marajó coordena três ações emergenciais: Uma rede de apoio a mulheres marajoaras que vivem na periferia da região metropolitana de Belém (Mulheres Marajoaras em Movimento), uma campanha de comunicação ribeirinha (Égua do Corona) e compõem um gabinete popular de crise do Marajó, junto a outras organizações locais.

Para acompanhar a atuação do Observatório do Marajó e as principais notícias da região, basta assinar o boletim semanal disponível no site e acompanhar as redes sociais da organização.

Confira a entrevista com Luti Guedes para o Observatório TV: